“O uso excessivo de smartphones e de jogos eletrônicos limita o desenvolvimento equilibrado do cérebro”, diz estudo feito pelo Centro de Equilíbrio Cerebral de Seul, Coreia do Sul, entre jovens e adultos que usam dispositivos eletrônicos por mais de 7 horas ao dia.
O neurocientista alemão Manfred Spitzer, diretor do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Ulm, na Alemanha, e autor do livro Demência Digital dá a sentença: nativos digitais que passam a maior parte do dia plugados são candidatos a desenvolver, desde já, problemas de atenção, memória e concentração, mal que ele batizou como “demência digital”.
Estudo e neurologista coincidem que uma das consequências da dependência dos aparelhos eletrônicos é a falta de memória para alguns detalhes cotidianos, como por exemplo um número de telefone.
Pensando nisso é inevitável lembrar de mais de uma pessoa comentando que o fato de esquecer-se de algo banal lhe faz pensar que é vítima da demência digital.
Qual a relação da demência digital com o desenvolvimento do cérebro adulto?
As últimas pesquisas neurocientíficas apontam que os seres humanos podem criar neurônios ao longo de toda a vida, que o cérebro pode se regenerar mediante seu uso. Assim como o exercício físico protege nossa saúde cardiovascular, o exercício cognitivo protege nossa saúde cerebral, e é fator de proteção contra a demência e a senilidade. É a chamada neuroplasticidade ou plasticidade cerebral, que nada mais é que moldar a mente, o cérebro, através da atividade.
Sintetizando, se a neuroplasticidade é o que nos permite aprender, memorizar e nos adaptarmos ao mundo à nossa volta através da nossa experiência, quanto mais exercitemos o cérebro, menos propensos estaremos à demência digital.
Estado contemplativo ou chegamos a conclusões?
Pense bem: recebemos e digerimos as informações ou não nos dedicamos muito a refletir, simplesmente porque na correria do dia a dia temos todo tipo de informação no Google, o que nos tranquiliza porque podemos acessá-lo a qualquer momento, onde quer que estejamos.
Quando não havia smartphones nós sabíamos de cor os números de telefones de familiares, amigos, vizinhos. E por que agora não? Talvez porque não precisemos saber e conhecer tanto devido à quantidade de ferramentas para armazenar dados, porque temos outros assuntos mais interessantes, ou até outras prioridades.
Importante
Precisando ou não decorar números de telefones, vale lembrar que o cérebro não para nem enquanto dormimos, e é primordial alimentar nossa mente com temas relevantes, interessantes e agradáveis.
Aprender um idioma, executar atividades diferentes dando preferência a assuntos que fujam da sua área de domínio, descansar, contemplar uma paisagem bonita, dedicarmo-nos a algo que nos dê prazer, receber novas informações, fazer um novo caminho ao trabalho, sair da rotina, realizar pequenas mudanças de hábito são dicas dos especialistas para que nosso cérebro possa criar novos caminhos de adequação às mudanças que ocorrem todos os dias.
Mesmo quando adultos, o que nós aprendemos e ao que nos adaptamos ao longo da vida reorganiza nossos neurônios existentes. Nosso cérebro age e reage à medida que experimentamos uma mudança em nosso ambiente ou desenvolvemos uma habilidade.
Isso se traduz em bem-estar, ingrediente para ser feliz.
Glossário
Plugar: (informal) conectar, ligar a uma tomada elétrica, computador ou à Internet.
Batizar: (informal) denominar, nomear.
Neuroplasticidade: é a capacidade do sistema nervoso de alterar sua forma e função no decorrer da vida dependendo das exigências ambientais de adaptação.
Correria: grande pressa, movimentação ou atividade. Também significa muito trabalho.
Acessar: (informática) ter acesso a, aceder, estabelecer comunicação.
Saber de cor, decorar: aprender de memória, memorizar.
Dado: (mais usado no plural) informação, indício, símbolo quantitativo e qualitativo, que possa ser utilizado para o processo de uma informação.
Dedicarmo-nos: verbo utilizado no infinitivo pessoal. “Dedicarmos” perde o “s” ao unir-se ao pronome.
Dica: indicação ou informação útil, breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada.
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