Meu coração paulistano transborda nostalgia. Já não mais habito lá. Parece que chegou a hora de os cacos também não mais morarem ali.
Lá passava tempos tomando sol quando criança, brincando de molhar a minha irmã e minha amiga do quarteirão, tempos lavando o carro, perdi a conta dos banhos que dei nos vários cachorros que por lá andavam, corriam, dormiam, que se sacudiam quando lhes dava na telha… também perdi as contas das voltas com a minha Monark e de perna de pau, feitas artesanalmente pelo meu grande pai.
Tempos das bandeirinhas que colávamos pra festa junina, fazíamos um mutirão entre a criançada: cortar, colar, e além de pintar os correios-elegantes, confeccionar as caixas.
Tempos dos beijos escondidos na garagem, das festas que fazíamos entre todos os amigos e amigos dos amigos, cada uma mais legal que a outra, enchendo bexigas, pendurando-as nas colunas, dançando, tudo com a testemunha dele, o piso de caquinho vermelho.
Agora novo morador acha coisa velha a tradição, viva a modernidade em sua essência, sem paciência, sem complacência. O piso tá bom, mas é coisa velha. Coisa de velhos. Não escorrega, mas é demodê. Feito no tempo em que as coisas duravam, aguentou mais que os próprios donos do lar…
A gente tem que aceitar o novo, né? Mas custa. Custa-me. Nem achava que era assim tão velha, como a tradição. Velha e embolorada como os próprios caquinhos. Apegada ao que já nem é meu, se é que um dia foi.
Meu coração paulistano transborda nostalgia.
Mais informações sobre a história do refugo no blog hometeka e cimentoeoutrascoisinhasmais.
Roberto
Saudades dos queridos caquinhos vermelhos!
Cristina Pacino
Trazem boas lembranças, né?
Roberto
Sim, tantas que quero encontrar esses pisos e colocar no meu atual quintal, que está somente no contrapiso, quero recuperar as boas lembranças, juntar cada pedaço e colocar eu mesmo!
Cristina Pacino
Ótima ideia! Depois quanto estiver pronto, mande uma foto para vermos como ficou! Um abraço!