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Poema em linha reta

19/12/2016 por crispacino

Um dos textos que analisamos no curso de Língua portuguesa através da literatura, que mistura teoria e prática de redação, com o prof. Sérgio Massucci Calderaro.

 

https://www.youtube.com/watch?v=uElwCENBDJQ

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

 

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

 

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…

 

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,

 

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

 

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

 

Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

 

O prof. Sérgio Massucci Calderaro, é autor do Manual do Futuro Redator, Técnicas e causos par quem quer se aventurar na profissão.

Além disso ele dá um curso bem legal que mistura a teoria da literatura, estilos, correntes, com a prática da redação. Faço parte da turma atual, pois escrever é algo que quanto mais se faz, melhor sai, e o curso termina em janeiro, mas já estou sabendo que ele vai abrir um novo grupo em breve. Pra quem curte brincar com o idioma, as palavras e a linguagem, é um prato cheio!

manual-do-futuro-redator

 

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Reader Interactions

Comments

  1. Maria Oliveira dos Santos

    19/12/2016 at 11:59

    Adoro esse poema. Eu o recitei uma vez no verso de boca. Obrigada por me recordá-lo. Sobre o curso, fiquei super interessada.
    Parabéns pelo blog,
    Maria

    Responder
    • Cristina Pacino

      19/12/2016 at 22:13

      Que legal, Maria, não conhecia o Verso de Boca. Copio o link do grupo para quem quiser conhecer
      http://versodeboca.blogspot.com.es/
      O curso é bem legal, o Sérgio está no FB.
      Beijão! E obrigada por estar sempre aí!

      Responder
  2. Sérgio Massucci Calderaro

    20/12/2016 at 09:18

    Maria, obrigado por seu interesse. Como disse a Cris, estou no Face: Sérgio Massucci Calderaro. Se quiser, me passe seu e-mail que te incluo na divulgação dos próximos cursos. Deixo aqui o meu: massucci.calderaro@gmail.com. Abraços!

    Responder

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