O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil, e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de “Zumbi dos Palmares”, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar da resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1549), até a abolição da escravatura (1888), além de reavaliar e reinventar a vida após tanto tempo de escravidão.
(fonte: adaptação wikipedia)
UM POUCO DE HISTÓRIA
- Quem foi Zumbi?
“Zumbi” significa: a força do espírito presente. Ícone da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.
Há diferentes versões sobre sua vida, entretanto sobre o que não se discute é que foi um dos grandes líderes do Quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência antiescravagista.
Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Foi capturado em um quilombo e criado, educado e alfabetizado por um padre, e aos 15 anos fugiu para o Quilombo dos Palmares, onde se tornaria o líder guerreiro contra os senhores donos de escravos.
Era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região.
- Quilombo dos Palmares
Os quilombos, que na língua banto significam “povoação”, funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.
O nome Palmares foi dado pelos portugueses, pelo grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas.
Os que ali viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelos colonizadores. Existiu entre 1600 e 1695, e chegaram a viver entre 20 e 30 mil habitantes simultaneamente. Lá plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados.
- Fim da escravidão
Algumas leis foram criadas para defender os direitos dos escravos. A Lei do Ventre Livre foi a primeira delas, criada em 1871, concedendo liberdade aos filhos dos escravos nascidos a partir de então. No ano de 1885, foi criada a Lei dos Sexagenários, dando liberdade aos escravos com mais de sessenta anos de idade.
Porém, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, foi que os escravos “conquistaram definitivamente sua liberdade”. (Ao ler as seguintes linhas entenderá o motivo das aspas)
O grande problema dessa libertação foi que os escravos não sabiam realizar outro tipo de trabalho, continuando nas casas de seus patrões, mesmo estando libertos. Com isso, a tão esperada liberdade não chegou por completo.
As oportunidades de vida que tiveram eram limitadas apenas aos trabalhos pesados, já que não haviam estudado e não aprenderam outros ofícios além dos braçais. Porém, alguns conseguiram emprego no comércio.
A CULTURA AFRICANA NO BRASIL E A MISCIGENAÇÃO
*vídeo feito por José Rogério Beier, cérebro do blog Hum Historiador.
Para o leitor talvez seja desnecessário recordar que antes de os portugueses chegarem ao Brasil o país só contava com habitantes indígenas. No início houve uma colonização europeia por parte de portugueses, holandeses, ingleses, espanhóis e franceses, e os escravos que vinham de diferentes etnias da África, eram principalmente bantos (do hemisfério sul – angolas, congos, benguelas, monjolo, minas e cabindas, quiloas).
Entre 1549 e 1888 (época da escravidão) e nossos dias pode-se ter uma ideia da mistura de culturas, idiomas, povos, o que no Brasil chamamos miscigenação. Desse fenômeno surgiram palavras como caboclo, mestiço, senzala, crioulo. Além disso, a capoeira, o samba e a feijoada e outros tantos elementos culturais deixam de ser coisas de escravos para se tornarem símbolos nacionais, do que é em suma a cultura brasileira.
Pode-se dizer que a cultura africana no Brasil, afro-brasileira, é tão ampla e rica como o próprio país. A revista Escola fez um levantamento fantástico para entender melhor e celebrar o mês da consciência negra, abordando temas como Identidade Negra, História da África, A luta dos negros no Brasil, Cultura afro-brasileira, e Recursos Pedagógicos e recomendo sua leitura.
E POR QUE EXISTIR UM DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA?
A história brasileira revela que mesmo depois de tanto tempo de abolição, ainda existe uma discriminação silenciosa no país. O dia da consciência negra surgiu para lembrar o quanto os negros sofreram, desde a colonização do Brasil, suas lutas, suas conquistas. E também para homenagear àqueles que lutaram pelos direitos da raça e seus principais feitos.
A data é comemorada há mais de 30 anos por militantes do movimento negro, mas só foi incluída no calendário nacional em 2003, através da lei 10.639, de 9 de janeiro, que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país
Nesse dia são realizados congressos e reuniões discutindo-se a história de preconceito racial que sofreram, a inferioridade da classe no meio social, as dificuldades encontradas no mercado de trabalho, a marginalização e discriminação, conquistas, inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, luta pela igualdade, moda e beleza negra.
É uma oportunidade para a reflexão sobre o preconceito ainda existente na sociedade brasileira e que mecanismos usar para extingui-lo.
Curiosidade – de 5.570 municípios do país, 1.047 adotaram a data como feriado, o que corresponde a 18,8%, segundo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República.
Glossário
Quilombo: na língua banto significa “povoação”. O dicionário Priberam define como “esconderijo no mato onde se refugiavam os escravos”. Os quilombos funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas.
Miscigenação: cruzamento de indivíduos de raças ou de etnias diferentes (ex.: miscigenação dos povos africanos, indígenas e europeus). = mestiçagem
Caboclo: nome que se dá no Brasil aos nativos mestiços de brancos com índios, cujos traços físicos incluem pele acobreada ou morena e cabelos escuros e lisos. = cariboca
Senzala: alojamento ou conjunto de alojamentos onde ficavam os escravos, conjunto de escravos, quilombo, aldeia de escravos. A diferença do quilombo é que a senzala ficava perto da casa grande, casa dos senhores feudais, e o quilombo normalmente era afastado das plantações
Crioulo: no Brasil – filho de escravos; mestiço, mulato; negro. Negro nascido no Brasil.
Mestiço: diz-se do ou o indivíduo proveniente de pais de raças diferentes.
teiroriz
Republicou isso em físicadehojee comentado:
Dia da consciência negra
Cristina Pacino
Obrigada por republicar o post! Um abraço!
Rogerio Beier
Olá Cristina, muito obrigado pela menção em seu post. Adorei o texto. Parabéns!!!!
Beijos,
Rogério
Cristina Pacino
Oi Rogério,
O seu vídeo é muito ilustrativo,caiu como uma luva no post!
Obrigada!
Beijo!
Vânia
Amei.
Vou postar no Edmodo.
Obrigada!
Cristina Pacino
Obrigada Vânia!
Você é 10!
Beijão!