Seja honesto. Você já comprou alguma coisa por impulso e se arrependeu depois?
Eis alguns artigos que muitos de nós desejaríamos nunca ter comprado, ou quem sabe compramos por capricho e nunca usamos. Há para todos os gostos e bolsos:
– Bicicleta ergométrica, um clássico entre os “cabides de rodas”;
– Aquela calça que ficou um pouquinho apertada, só um pouquinho, mas como vou fazer dieta, em duas semanas ela vai ficar bem em mim;
– Escova de dentes elétrica que o dentista recomendou, mas esqueço de usá-la;
– Perfume que saiu na propaganda com aquela atriz estonteante, ou aquele ator gatíssimo e que, pensando bem, eu nem gostava tanto assim da fragrância;
– Incenso, tão cheiroso na loja e em casa é insuportável e me dá dor de cabeça;
– Skate para chegar mais rápido aos lugares. O vendedor não me explicou que a primeira coisa que se aprende é a brecar;
– Kirby, o aspirador “multifuncional” que serve para aspirar pó, remover ácaros e limpar sofás e colchões. Lá em casa ele fica cuidadosamente guardado no quartinho de despejo ou na garagem;
– Aquela cartola tão baratinha que encontrei no brechó e que com certeza vou usar todos os fins de semana… Claro, fica estranho ir ao escritório de cartola…
– Apoio para pés. Ainda não usei, está fazendo companhia para a kirby, porém necessito para melhorar minha postura.
E até serviços:
– Uma massagem, que com certeza vou fazer qualquer dia depois do trabalho, antes que vença o prazo de validade;
– Pacote trimestral na academia, obviamente não ia pagar mensal, sai muito mais caro.
Entre as pessoas de diferentes países que contribuíram para este post as respostas são na maioria roupas e sapatos. Em seguida artigos como botas de caminhada ou trilha, câmera fotográfica, bijuteria, acessório para bicicleta, perfume, umidificador para casa, e dá na mesma se adquiridos na loja ou pela internet.
No Brasil, o maior gasto é com artigos de supermercado e depois artigos caros comprados para impressionar. Segundo pesquisa, o consumidor brasileiro tende a se preocupar com a imagem que transmite às pessoas do seu convívio, idealizando para si próprio um padrão de consumo que muitas vezes não corresponde ao orçamento pessoal. Desde presentes caros até comprar por comprar, o arrependimento só vem depois, quando vem.
Nos Estados Unidos, pesquisa feita com 2000 entrevistados revela que 71% deles se arrependem de ter comprado algo por impulso no último ano. Os produtos mais citados foram roupas, sapatos, brinquedos, jogos e produtos tecnológicos ou gadgets.
Dentro dos fatores que estimulam o ato da compra, segundo Solomon – sociocultural, psicológico e situacional, destacam-se os seguintes:
- A reputação da marca
- Preço e descontos
- Durabilidade
- Experiência anterior
- Opiniões da família
- Redes sociais
- Propaganda on-line
De acordo com Maslow, psicólogo americano da primeira metade do século considerado até hoje em marketing, comportamento de compra e teoria da motivação – entre outras áreas, todas as pessoas consomem seguindo uma hierarquia de necessidades, e o indivíduo só precisará mudar para a próxima etapa quando a demanda for satisfeita.
Maslow criou a pirâmide de necessidades humanas, que obedece uma escala de prioridades, sendo a base o primeiro a ser solucionado. Se uma destas necessidades não está saciada, há incongruência.
Quando todas estiverem de acordo, abre-se espaço para a auto-realização, que é um aspecto de felicidade do indivíduo.
Mas então se essa teoria é certa, por que compramos coisas que acabamos não usando nunca?
Pessoalmente acho que comprar por impulso pode ser um problema, quando não há controle e acaba-se gastando mais do que o bolso tolera. O próximo passo é o arrependimento e o saldo negativo – ou vice-versa.
Sendo ecologicamente consciente, as vantagens para o meio-ambiente são poucas, já que para fabricar em muitos casos é necessário usar distintos recursos que podem poluir. E depois de usados, sabe-se que numerosos produtos naturalmente deixam de ser reciclados.
Queremos saber a sua opinião sobre o tema. Por que compramos o que compramos?
Glossário:
Eis: advérbio, usa-se para apresentar algo ou alguém, geralmente presente ou próximo dos interlocutores; aqui está, aqui estão.
Bicicleta ergométrica: bicicleta que mede o trabalho muscular.
Cabide: móvel dotado de ganchos ou hastes para pendurar chapéus, roupa, arreios, etc. Peça cujo formato se assemelha aos ombros humanos, dotada de um gancho ao centro, usada para pendurar roupa.
Estonteante: deslumbrante, que provoca deslumbramento ou grande admiração.
Gatíssimo: coloquial, superlativo de gato, pessoa atraente. Válido para feminino e masculino, pode ser usado no aumentativo e diminutivo.
Brecar: coloquial, vem do inglês brake e significa frear. O dicionário não recolhe esse significado.
Quarto de despejo: espaço extra para guardar objetos grandes ou de pouco uso num prédio ou casa.
Cartola: tipo de chapéu masculino com topo alto em forma de cilindro; utilizado no século XVIII em situações formais ou até do dia a dia.
Brechó: loja de roupas usadas em bom estado.
Anónimo
Concordo totalmente com o artigo.