Ele queria vender sua casa, mas não sabia como fazer um anúncio, já que tal casa não tinha nada de especial: era pequena, ficava isolada no alto do morro, tinha um arbusto bem ao lado da janela do quarto e o sol batia insistentemente a tarde toda na sala. Era super incômoda e quente, para dizer a verdade.
Então, pediu que um amigo o ajudasse a redigir o anúncio. O amigo foi visitar a casa e logo escreveu: vende-se casa pequena e aconchegante no alto da colina, com vistas das janelas do quarto protegidas pelas árvores onde cantam os pássaros de manhã, e a luz do sol invade a sala à tarde com sua terna luz. Ideal para tomar um chazinho, seja com um livro na mão ou batendo papo.
O dono da casa agradeceu pelo texto e se despediram.
Semanas depois se encontraram e o amigo perguntou: “Como é, conseguiu vender a casa?” O dono lhe respondeu: “Está louco? Depois que você me mostrou as maravilhas que tenho, não me desfaço dessa casa por nada!”
Muitas vezes é o que acontece na nossa vida cotidiana, temos tesouros e não sabemos o seu valor. Quando alguém vem de fora, seja de outra cidade, de outro país ou mesmo só com outro ponto de vista, e nos mostra as coisas boas ao nosso redor, ficamos perplexos, perguntando-nos como não percebemos o que estava aqui mesmo, na nossa frente, o tempo todo.
Depois, nos acostumamos e entramos na rotina, que nos engole com seu sistema perfeito, e vamos seguindo o ritmo, sem nos darmos ao luxo sequer de ouvir os pássaros ou ver o céu. Que desperdício de tempo!
Com esse espírito compartilho o depoimento sensível, poético e verdadeiro da Tünde, uma húngara que mora em São Paulo e que nos faz ver a cidade com outros olhos.
Conferimos?
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