Nosso convidado desta semana do “O que é ser…” é o cineasta Emiliano Cunha, o Emil.
Natural de Porto Alegre, Brasil, nos conta como é a profissão que tanto lhe apaixona. Esse moço que saiu da água pra ser atrás das telas, transformar ideias em imagens, comunicar através cenários vários e roteiros estudados. Então, o que é ficção e o que é real?
Conte em breves linhas a quem não conhece, o que é ser cineasta.
Ser é (se) encontrar. É sentir o impensável e saber, sem causas ou porquês, que se está no lugar em que um dia se imaginou estar. Ser é experimentar o pleno sem se contaminar de plenitude. É apostar, teimar, lutar pela sua descoberta para que o mundo não afogue seu tesouro nas águas do previsto e esperado. Ser é duelar com o incerto para se sentir vivo e seguir sendo. Apenas.
Como e quando você começou a sua profissão?
Me tornei cineasta após sentir e entender que rumava por terrenos planos demais, previsíveis demais. Fui nadador durante toda a infância e adolescência, e a paixão pela água me levou à Educação Física. Foi uma grande experiência de vida, aprendi a lidar e ler as pessoas e suas complexidades. Aprendi a trabalhar em grupo e gerenciar grupos. Mas o prazer pelos filmes, pela escrita e pela leitura me acompanhava por toda a vida. Foi então que, após me embebedar de coragem, tomei a decisão de largar tudo e recomeçar. Foi uma grande conquista, mas nada fácil. Hoje sou roteirista, diretor, e Mestre em Comunicação com pesquisa centrada no cinema contemporâneo.
Como é vista a sua profissão no Brasil? E fora dele?
O cinema no Brasil foi, durante muito tempo, um ofício muito mais artesanal do que industrial. Nos últimos 10 anos, porém, o audiovisual se tornou foco de investimento do Estado, de maneira que toda uma cadeia produtiva foi fomentada e estimulada. Hoje entendo que vivemos num período de transição e penso que experimentaremos momentos estáveis e perenes em um futuro muito próximo. Por enquanto, trata-se de uma “profissão de risco”, vive-se da paixão pela arte e pagar as contas é um mero detalhe :). Afora o modelo industrial norte-americano, o cinema feito aqui é muito similar aos de outros países em termos de modos de produção: dependemos muito do apoio e incentivo estatal e de parcerias com outras cinematografias para financiar nossos filmes.
O que você recomenda aos que estão começando no setor?
Primeiro: paixão, muita! Segundo, teimosia travestida de insistência. Terceiro: estudo e repertório – nada de uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. E, por último, acreditar naquilo que o coração lhe diz, quase sempre ele faz as melhores escolhas.
Bate-bola
O melhor da profissão:
Criar e ver a criatura tomar forma.
E o pior:
Grana (ou a falta de).
Um gênio na matéria / fonte de inspiração:
Lars von Trier.
O que sua profissão não é:
Estável.
Uma virtude para exercer a sua profissão:
Ser devoto da sala de cinema.
Obrigada, Emil! Muito legal contar contigo no nosso blog. Sucesso e um abração!
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