Caetano em Madri

(texto escrito por uma aluna declaradamente apaixonada pela cultura brasileira)

A Cristina me convidou para escrever alguma coisa no seu blog e acetei com prazer. Escolhemos como assunto, algo que me conquistou e manteve apaixonada no inverno: a exposição de Sebastião Salgado no Caixa Forum, mas ocupações diversas têm absorvido meu tempo todo nos últimos meses e agora não dá para falar de algo que acabou…
Então decidi mudar pela minha paixão de primavera: Caetano Veloso apresenta em Madri seu show Abraçaço, no dia 29 de maio de 2014 no Circo Price às 20:30 e, obviamente, eu vou.
Não vou falar da vida e obra do Caetano, vocês podem ler um monte de coisas dele na Internet, e assistir uma coleção interminável de vídeos no YouTube, cantando sozinho ou acompanhado por muitos cantores de todos os tempos, cantando composições próprias ou as de outros.  Não em vão, ele tem mais de 50 anos de carreira no mundo da música.
De qualquer jeito, minha opção foi falar sobre paixões, fugindo assim de uma linguagem formal e procurando um modo de relatar mais próximo ao coração, e uma das coisas que mais me tocam o coração, sem dúvida, é a música.
Quando fui ao Brasil pela primeira vez, morei lá por seis meses, comemorando assim meu 19º aniversário. Sempre falo, porque acredito firmemente, que essa experiência mudou minha vida, pois foram tantas as coisas que conheci e aprendi a amar: as cores (flores, árvores, pássaros, céu e mar), a comida (linguiça, feijoada, picanha, churrasco, papaia… mmmm), as pessoas (jovens, velhos, brancos, pretos, mulatos, alegres, extrovertidos, corretos, e sempre carinhosos…), mas com certeza o que mais me marcou foi a música.
 

A música ocupou muitas das horas que passei sozinha enquanto minha família trabalhava fora de casa. Escutei muito a rádio Jovem Pan, e todos os vinis que meu primo tinha em casa. Copiei letras no meu caderno quadriculado (com quadrados estranhamente grandes), aprendi “As origens da batucada brasileira”, e o que é um samba-enredo, os nomes das escolas do meu primeiro carnaval, gravei fitas cassete para  trazê-las comigo de volta para Espanha, e cantei, e dancei na solidão da sala de jantar…
Além disso tudo descobri aqueles que ainda hoje são companhia e inspiração: Martinho da Vila, Alceu Valença, Maria Bethânia, Gal Costa, Djavan, Jorge Ben Jor, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e meu admiradíssimo Ney Matogrosso, quem tive o imenso prazer de ver no Anhembi com seu maravilhoso show Matogrosso.
Minhas fitas ainda estão intactas, não faz muito tempo que as procurei no fundo das caixas, embora a Internet torne muito mais fácil poder seguir curtindo aquele mundo musical que conheci em 1982-1983 e que hoje continua sendo uma parte importante da minha vida…
No próximo dia 29 de maio saldarei uma dívida pendente, conhecerei de perto o Caetano… Alguém dá mais????
A todos, hoje eu mando um abraçaço!
Marián Diaz

 
Se quiser conhecer melhor o Caetano, veja a entrevista dos seus 70 anos, há 2 anos atrás.